Segurança Transfusional

O melhor sangue que um paciente pode receber numa transfusão é o seu próprio sangue. O sangue com seu próprio DNA

Procedimentos sem transfusão de sangue alogênico incluem o uso adequado de estratégias médicas para tratar anemia e/ou plaquetopenia, reduzir ao máximo as perdas de sangue, preservar sangue autólogo (autotransfusão) e aumentar a tolerância à anemia. Mediante a utilização de uma ou múltiplas opções terapêuticas é possível diminuir o número de doentes transfundidos e a quantidade de sangue e seus componentes administrados a cada doente. Os benefícios não estão restritos à esfera econômica, mas também à incidência e à gravidade das complicações, em particular a mortalidade, relacionadas às hemotransfusões alogênicas.

Depois de mais dois séculos de transfusões de sangue, a medicina moderna encontra-se com o desafio
de restringir cada vez mais a prática médica transfusional.

MÉDICOS e médicos tratam a ANEMIA do paciente.
O MÉDICO dos médicos trata o PACIENTE que tem anemia.
A atenção do médico deve ser o paciente da anemia e não a anemia do paciente.

Uma Medicina Moderna Não Transfusional, basicamente por duas razões principais.

A primeira é a escassez de sangue e seus componentes no Brasil e no mundo. O sangue está se tornando um recurso terapêutico difícil. A maioria dos bancos de sangue ao redor do mundo estão com seus estoques reduzidos, sempre abaixo do que seria ideal, mesmo com inúmeros esforços dos órgãos governamentais e dos profissionais de saúde para estimular as doações de sangue. Isto é um fato real. A possibilidade no futuro próximo de não haver sangue disponível para todos os procedimentos médicos, também se torna um fato cada vez mais real. Daí a importância do médico em saber cuidar e tratar de um paciente com anemia, sem utilizar o tratamento padrão do século passado mediante uma transfusão de sangue.

A segunda razão, principal e mais preocupante, é o fato de as transfusões de sangue alogênico (sangue de outra pessoa) estarem relacionadas a vários efeitos colaterais. O sangue que se transfunde não é diferente de um remédio administrado a um paciente para tratar determinado problema de saúde. Como toda e qualquer terapia medicamentosa a terapia transfusional também tem seus efeitos adversos. Pesquisas nacionais e internacionais demonstraram inicialmente que o uso de sangue alogênico tem um risco aumentado de transmitir alguns tipos bem conhecidos de infecções, tais como AIDS, Hepatite B, Hepatite C, Doença de Chagas, Sífilis, Dengue, Vírus Chikungunya, Vírus Zika.

Em 2009, descobriu que não são apenas estas, mas há pelo menos 68 (sessenta e oito) agentes infecciosos entre vírus, bactérias e protozoários passíveis de serem transmitidos através de uma transfusão de sangue. Além disso, pesquisas recentes revelam outros efeitos graves à saúde do paciente que recebe uma hemotransfusão, tais como infarto do miocárdio (“ataque cardíaco”), arritmias cardíacas, acidente vascular cerebral (“derrame cerebral”), problemas pulmonares, falência dos rins, falência de múltiplos órgãos. Estas descobertas têm preocupado a comunidade médica.

No entanto, o questionamento maior com a prática transfusional está acontecendo na época atual, devido a vários estudos demonstrarem que o sangue (alogênico) transfundido por si só tem o potencial de causar a morte do paciente. Isto vai contra, de acordo com estas pesquisas, a tudo aquilo que a medicina um dia orientou sobre a utilização do sangue.

Diante destas evidências torna-se necessário evoluir e avançar. A medicina é uma ciência dinâmica e evolui de acordo com a necessidade. O desafio atual é uma medicina não transfusional, ou pelo menos, mais restritiva. Daí a importância de divulgar alternativas e opções de tratamento para que o cirurgião, anestesiologista, clínico e/ou médico de terapia intensiva, possam reduzir ou evitar transfusões de sangue de outra pessoa.

O paciente tolera anemia, o médico coopera com o paciente em tolerar anemia.

Os benefícios desta medicina não transfusional, ou melhor, os benefícios de se aplicar um programa para conservar o sangue do paciente (Patient Blood Management – PBM) resulta em menor permanência do paciente no hospital, menor risco de infecções, menor risco de falência de órgãos, menor risco de morte.

Um Hospital da Califórnia (EUA) fez exatamente isto, por simplesmente lembrar aos médicos transfusionistas as diretrizes atuais (MAIS RESTRITIVAS) quanto ao uso de sangue alogênico (doado) conseguiu reduzir em 24% (um quarto) as transfusões de sangue e, com isso, economizou US$ 1,6 milhões por ano, e também reduziu o tempo médio de permanência dos pacientes no hospital de 10,1 para 6,2 dias, mas o feito principal desta atitude foi SALVAR VIDAS, pois a mortalidade entre as pessoas que recebeu transfusões de sangue caiu de 5,5% para 3,3%.

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Fonte: Revista Nature

Artigo: Poupe Sangue, Salve Vidas –
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É exatamente isto o que gostaríamos que acontecessem em outros hospitais ao redor do MUNDO.

Resultado: MENOS SANGUE = MAIS VIDA.

Veja mais em evidências científicas

Depois de quase meio século, o termo “BLOODLESS” vem ganhando mais importância e popularidade na comunidade médica por três razões básicas

Os principais hospitais ao redor do mundo buscam instituir protocolos para se racionar o uso do sangue e isto se tornou um critério de qualidade hospitalar, conforme exigência de uma das principais agências certificadoras de qualidade, a Joint Commission International.

Visando divulgar estratégias clínicas e cirúrgicas para gerenciar e conservar o sangue do próprio paciente (Patient Blood Management) e, com isso, reduzir ou evitar transfusões de sangue, surgiram pelo menos duas sociedades médicas:

Tendo em vista a preocupação mundial da segurança transfusional, várias autoridades internacionais, incluindo governos, como o da Austrália, têm criado diversos recursos para orientar médicos e pacientes quanto aos riscos e benefícios de uma transfusão de sangue alogênico.

Vídeo com Depoimentos de Várias Autoridades Internacionais sobre Segurança Transfusional

Transfusões de sangue

Mitos e Realidades

O grande desafio da medicina na atualidade é conseguir um substituto para o sangue alogênico. Pesquisas estão em fase avançada nesta área. Nota-se um esforço mundial para mudar a prática transfusional, se possível num futuro próximo.

Diferentemente do século passado, quando o tratamento padrão de anemia era uma transfusão de sangue, em nossos dias já temos o poder de escolha.

Isto é real. As opções existem. São eficazes. São seguras. Salvam vidas. Conhecê-las é dever de todos.

Protocolo

Protocolo Tratamento de Anemia e Diretrizes para Terapia com Eritropoetina

Protocolo baseado em evidências científicas para o tratamento não transfusional de anemia mediante o uso apropriado de ferro e eritropoietina.

Protocolo

Manejo de Sangramento

Sem transfusão de sangue alogenico

Protocolo baseado em evidências científicas contendo um GUIA FARMACÊUTICO completo com os principais hemostáticos sistêmicos e tópicos para o manejo de sangramento.